terça-feira, 24 de agosto de 2010

A utilização dos plásticos no cotidiano

     Em meados do século XIX, alguns objetos como pentes, botões e fivelas de cintos masculinos eram feitos com materiais de origem animal como cascos e chifres bovinos, constituídos essencialmente por queratina. Com o aumento da procura por tais objetos o extermino de animais foi cada vez mais incitado e abrangendo outros animais como elefantes, em função da utilização de suas presas de marfim, golfinhos, símios, entre outros.

John Wesley Hyatt

     Com a descoberta da celulose por parte de John Wesley Hyatt, a substituição das matérias-primas animais era clara. Tal inovação se deu em decorrência de uma competição originada pela fabricante de bolas de bilhar Phelan and Collander, que buscava, assim como a maior parte das empresas deste ramo, uma alternativa economicamente benéfica para seus interesses, e que substituísse principalmente o marfim.

     Graças à descoberta da celulose e os avanços no estudo dos plásticos, hoje quase tudo é feito de plástico. No setor automobilístico, o plástico foi introduzido na década de 70, após a crise do petróleo, com o objetivo de tornar os carros mais leves, reduzindo assim o consumo de combustível. Hoje em dia, o seu uso no setor automobilístico vai muito além da questão econômica, pois possibilita designs modernos, proporciona mais segurança e se trata de um material anti-corrosivo. É por isso que hoje a indústria automobilística européia utiliza anualmente cerca de 2 milhões de toneladas de plástico, sendo que cada 100kg de plástico substituem de 200kg a 300kg de peso provenientes de outros materiais.

     Além do setor automobilístico, muitos outros passaram a usar o plástico, como por exemplo, o setor dos eletroeletrônicos, o setor da saúde, da construção civil, de aviação, de embalagens e muitos outros. Um caso muito recente da aplicação do plástico é o que diz respeito a camisa da seleção brasileira, que foi inteiramente fabricada utilizando o plástico reciclado de garrafas PET.

     É evidente que o estilo de vida que levamos hoje depende muito da descoberta do plástico. Mas essa descoberta teve suas conseqüências, pois hoje, um dos maiores problemas ambientais diz respeito a eliminação do plástico, que não pode ser completamente reciclado e muito menos incinerado, por causa da produção de gases tóxicos.

O celulóide

John Wesley Hyatt utlizou, na tentativa de produzir bolas de bilhar para o concurso da empresa Phelan and Connely, diversos materiais. Em um dos experimentos, um corte em seu dedo fez com que o químico pegasse um pouco de colódio para colocar sobre a ferida. Ao abrir o armário, ele percebeu que o frasco tinha sido derrubado, e o álcool e éter de sua solução tinha evaporado, e o que restou se tornou uma “crosta” endurecida sobre a prateleira. Naquele momento ele percebeu que este material seria um bom substituto do marfim.

     O químico americano percebeu, depois de inúmeros experimentos e tentativas, que submetida a alta pressão e temperatura, uma solução de nitrato de celulose, álcool e cânfora podia ser moldada facilmente e com resultados de qualidade bastante destacada. Esse resultado foi patenteado pelo químico com o nome de celulóide, em 1870. Apesar da descoberta, Hyatt não conquistou o prêmio, pois a bancada da empresa julgou prejudicial o fato de se tratar de uma substancia potencialmente inflamável.
 
     Em 1870 a criação do celulóide originou uma empresa chamada “Dental Plate Company”, que mais tarde mudaria seu nome para “Celluloid Manufacturing Company”. O sucesso foi imediato e sua utilização abrangeu uma gama vasta de objetos, com principal destaque para as próteses dentárias e a utilização no início do avanço da fotografia e também das películas cinematográficas. O celulóide foi paulatinamente sendo substituído por tecnologias que tornassem a obtenção das películas mais barata, porém a qualidade também se perdeu, quando em relação à utilização do elemento patenteado por Hyatt.

Popularização do celulóide

     A substituição do marfim pelo celulóide foi muito facilitada pela rusticidade e o barateamento do material a ser usado. Bolas de bilhar, caixas de música, saboneteiras e teclas de piano já utilizavam dessa nova tecnologia em sua confecção.

Cena do filme "Cinema Paradiso"


     O grande destaque obtido pela celulose se deu quando a Kodak passou a utilizá-lo como tecnologia para fotografias e películas, e também com a popularização do cinema no final do século XIX. Mas devido à alta inflamabilidade do celulóide, muitos dos primeiros filmes produzidos se perderam em incêndios, ou em virtude da sua deterioração. O filme “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, ilustra bem essa cena, na qual um filme enrosca no projetor e inflama, causando um incêndio na sala de projeção. Na tentativa de diminuir esses incidentes, o celulóide foi substituído pelo acetato de celulóide no início do século XX, e posteriormente este foi substituído pelo poliéster.

     Apesar do celulóide não ser mais usado na indústria do cinema, hoje em dia ele ainda é aplicado na fabricação de alguns produtos, como por exemplo, a bolinha utilizada no tênis de mesa (ping-pong) e as palhetas utilizadas principalmente em guitarras e violões.

As Macromoléculas

     A polimerização de monômeros como o estireno, é o processo fundamental para a obtenção dos popularmante chamados “plásticos”. Esse processo transforma a substancia simples(monômero) em uma macromolécula, pois a união de milhares desses monômeros resulta na obtenção de um polímero, cujo nome significa poli “muitas” e meros “partes”.

Jöns Jacob Berzeluius
     Em 1832 Jöns Jacob Berzelius introduziu a expressão “polímero” na ciência. Porém a utilização se dava, por tal cientista, nos casos de moléculas cujas fórmulas fossem múltiplas de outra, como o caso do benzeno (C6H6) e acetileno (C2H2). Foi apenas em 1920 que Hermann Staudinger conseguiu provar cientificamente a existência das macromoléculas e sintetizar a existência dos polímeros. A brilhante perfomance rendeu ao químico o Prêmio Nobel de Química de 1953.

     Os polímeros têm cada vez mais ganho valor e importância no cotidiano popular contemporâneo. Os polímeros termoplásticos são os mais conhecidos apesar da existência importante dos termofixos e também das borrachas (elastômeros).

     Os polímeros termoplásticos  têm substituído de maneira bastante satisfatória chapas metálicas e de madeira em objetos de utilização domésticos, como baldes. Isso se dá em função de sua leveza física e também do baixo custo de toda a manufatura pela qual é necessariamente submetido para que haja aproveitamento de suas capacidades.

     Os termofixos têm muitas características positivas das quais se destacam a rigidez e a resistência às variações de temperatura às quais é submetido. Em contra partida, há a fragilidade, oriunda de sua falta de flexibilidade, e a dificil capacidade de ser reciclado, em função da decomposição ocasionada previamente ao processo de fusão ao qual passa.

     A incapacidade de fusão é negativa por conta da dificuldade de reciclagem, bem como a falta de rigidez. Entretanto sua principal características (cuja qual dá nome à classe) é a alta flexibilidade que apresenta.